II Congresso da JFNLA manchado por alegados actos de corrupção e ordens superiores

A comissão organizadora do II Congresso Ordinário da JFNLA, braço juvenil do partido fundado por Holden Roberto, é acusada de corrupção e de receber ordens superiores da organização para chumbar três pré-candidatos que reúnem condições ao cargo do secretário-geral.

A comissão organizadora convocou a imprensa para anunciar as candidaturas apuradas, mas esta não aconteceu na sequência de "uma grande confusão" de apoiantes excluídos.

Dos cinco pré-candidatos, a comissão organizadora do II Congresso da JFNLA validou dois, nomeadamente Eduardo José e Bumba Paiva.

Os pré-candidatos António Kinanga Panda, Vita Francisco e Carlos Kassoma não foram apurados para concorrem à presidência da JFNLA.

A acusação de corrupção e de receberem ordens superiores surge porque um dos candidatos apurados, Eduardo José, não reúne os requisitos para ser secretário-geral da JFNLA e não é muito conhecido no seio da juventude.

De acordo com as exigências, para ser secretário-geral da JFNLA, o candidato tem de ter até 40 anos de idade, acima destes os estatutos não permitem.

Esta é a condição em que se encontra o candidato apurado Eduardo José, que tem 41 anos de idade, segundo os candidatos não apurados.

O porta-voz do congresso, António Paiva, negou que a comissão organizadora do congresso tenha sido corrompida e recebido ordens superiores para chumbar os três candidatos.

"O processo de avaliação das candidaturas foi bem feito. Não há corrupção, nem recebemos ordens superiores", acrescentou António Paiva.

Face à situação, segundo apurou o Novo Jornal, os ex-presidentes, Ngola Kabango e Lucas Ngonda, estão preocupados, alegando que o partido já atravessou mais de 20 anos com uma crise profunda e o momento actual é para a reconciliação absoluta.

O Novo Jornal apurou ainda que este deveria ser o III Congresso Ordinário, porque o II foi realizado em 2016, que elegeu como secretário-geral Kiaku Samuel Kiaku.

"Kiaku Samuel Kiaku, como foi eleito na presidência de Lucas Ngonda, Nimi a Nsimbi, ignorou essa eleição e volta para o II Congresso", disse ao Novo uma fonte da direcção do partido.

Refira-se que o II Congresso ordinário da Juventude da Frente Nacional de Libertação de Angola (JFNLA) realiza-se nos dias 09, 10 e 11 de Agosto, em Luanda.

A Frente Nacional de Libertação de Angola é um partido político angolano fundado em 1954, com o nome de União das Populações do Norte de Angola (UPNA), assumindo, em 1958, o nome de União das Populações de Angola (UPA).

Em 1962, a UPA, ao absorver outro grupo anti-colonial, o Partido Democrático de Angola (PDA), constituiu a FNLA. A FNLA foi um dos movimentos nacionalistas angolanos, durante a guerra anticolonial de 1961 a 1975, juntamente com a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Desde 1991 que a FNLA se tornou um partido político, cuja importância tem vindo a diminuir drasticamente, em função dos seus fracos resultados nas eleições legislativas desde 1992. NJ