O responsável do principal partido da oposição na capital angolana lembra que um dos seus seguranças foi assassinado e que o seu carro foi alvo de “embates estanhos”.
Em declarações à VOA, Ekuikui diz que há já algum tempo vem sentindo "uma estranha movimentação” em torno da pessoa dele.
No na sua pagina do twitter o deputado escreveu seguinte: "Se acontecer algo com Nelito Ekuikui durante o ano de 2022, Angola já sabe quem é o autor moral"
O deputado, que ainda não formalizou nenhuma participação junto dos órgaos de investigação, afirma não temer pela sua vida, mas nega estar por trás dos distúrbios que se registam no país.
O Serviço de Investigação Criminal (SIC), contactado pela VOA, pede ao deputado para formalizar uma queixa das supostas perseguições.
Recorda-se que em setembro de 1992 os dirigentes da UNITA foram mortos após as eleições gerais, como o do então vice-presidente e do secretário-geral do Galo Negro, Jeremias Chitunda e Alicerces Mango, bem como o de Elias Salupeto Pena, sobrinho de Savimbi.
O que ficou conhecido por "massacre" começou a 30 de outubro de 1992 em Luanda e, no espaço de três dias, espalhou-se a todo o país, tendo sido mortos milhares de apoiantes da UNITA e da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA, então liderada por Holden Roberto, já falecido).
O "massacre", que quer a UNITA quer a FNLA atribuem às forças governamentais, surgiu na sequência da fase de paz que se seguiu aos acordos de Bicesse, assinados pelas partes a 31 de maio de 1991 e viria a desencadear nova escalada de violência em Angola, com o prolongamento da guerra civil até à morte de Savimbi, em fevereiro de 2002 - a paz foi oficialmente declarada a 04 de abril de 2002.
Os assassínios ocorreram também após as eleições presidenciais e legislativas de 1992, as primeiras na história do país, em que nem o candidato do MPLA, José Eduardo dos Santos, que presidiu Angola entre 1979 e 2017, nem o seu adversário, Jonas Savimbi, da UNITA, conseguiram maioria absoluta nas presidenciais.
A segunda volta nunca se realizou e a guerra civil reacendeu-se, dizimando também muitos membros dos grupos étnicos Ovimbundu e Bakongo, historicamente tidos como adversários do MPLA. C/VOA