Em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (Sinmea), Adriano Manuel, diz que a decisão de interromper a greve, entre os dias 25 de abril e 27 de maio, foi tomada na assembleia-geral que decorreu no passado sábado.
“Temos vindo a verificar um elevado índice de mortalidade nos hospitais, perante a insensibilidade do governo. Se continuássemos em greve estaríamos igualmente a ser insensíveis e por isso tomámos esta decisão”, justificou.
Segundo Adriano Manuel, num só dia, um dos hospitais de Luanda - que não quis identificar - atingiu um pico de 30 mortes.
“Foi isso que nos fez recuar no nosso posicionamento”, sublinhou
O dirigente sindical afirmou que o Ministério da Saúde tem colocado nos bancos de urgência médicos recém-formados e estagiários que ainda não adquiriram as competências necessárias, o que terá influenciado o número de mortes.
Adriano Manuel acusou também o executivo angolano de ter começado uma “caça às bruxas” logo após o regresso dos médicos, enviando para os seus hospitais de origem médicos grevistas e que estavam a especializar-se, situações que se têm verificado sobretudo nos hospitais David Bernardino, Américo Boavida e no Instituto Oftalmológico (IONA).
Por tudo isto, o Sinmea recorreu à justiça e avançou com uma ação popular contra vários dirigentes hospitalares e o Ministério da Saúde, “pelos atos administrativos que têm vindo a praticar durante o período de greve e que lesam a saúde pública”, bem como uma petição que será entregue à Assembleia Nacional, procurador-geral da República e provedor de Justiça.
Com a suspensão da greve, o responsável espera também que seja aberta uma via para o diálogo e que o Governo retome as negociações.