FLEC denuncia "atentado terrorista" do exército angolano contra civis cabindas na RDCongo

A organização independentista do enclave angolano de Cabinda condenou em comunicado o “atentado terrorista” perpetrado hoje de manhã pelas Forças Armadas Angolanas (FAA) em território da República Democrática do Congo e que provocou a morte de seis civis.

“A FLEC-FAC [Frente de Libertação do Estado de Cabinda-Forças Armadas de Cabinda] condena veementemente o atentado terrorista realizado hoje às 06:00 pelas Forças Armadas Angolanas contra civis cabindas na aldeia congolesa de Mbaka-Nkosi, na região central do Congo”, lê-se no documento assinado pelo secretário-geral da FLEC, Jacinto António Télica.

Segundo a FLEC-FAC, tratou-se de “mais uma violação da fronteira congolesa pelos soldados do exército angolano, na perseguição de civis de Cabinda que se refugiaram na República Democrática do Congo (RDCongo)”.

Os seis mortos são três homens de 36, 65 e 69 anos, e três mulheres de 36, 56 e 62 anos, refere.

A organização independentista “indigna-se com o silêncio cúmplice de Kinshasa face à incursão do exército angolano no sudoeste do seu território”.

“O secretário-geral da ONU, António Guterres, não pode e não deve ficar indiferente à tragédia sofrida pelos refugiados de Cabinda e os crimes perpetrados pelo governo Angolanos na RDCongo. A gravidade da situação em Cabinda exige uma ação urgente das Nações Unidas para evitar o pior na área e conjurar os perigos”, defende o secretário-geral da FLEC, que desafia Guterres a “condenar política de repressão e a opressão realizada por Luanda contra civis de Cabinda no exílio”.

“António Guterres deve pedir ao governo angolano que pare com os abusos e as perseguições contra essas populações. A resposta da comunidade internacional deve ser proporcional à situação de Cabinda”, conclui-se no comunicado.

A FLEC mantém há vários anos uma luta pela independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

No entanto, o Governo angolano recusa reconhecer uma situação de instabilidade naquela província, sublinhando sempre a unidade do território.