Isabel dos Santos usa dinheiro dos diamantes de Angola para pagar advogados

Investigação dos jornais Expresso e o holandês NRC deteta empresa do Dubai usada para comprar diamantes em Angola como responsável por pagamentos a advogados da empresária em Portugal.

A empresária angolana Isabel dos Santos está a recorrer a uma empresa que do Dubai que compra diamantes angolanos a preços baixos para financiar a sua defesa jurídica, incluindo em Portugal.

A informação é resultado de uma investigação conjunta do jornal Expresso, SIC e do jornal holandês NRC, que tiveram acesso a documentos que provam que parte do dinheiro usado para pagar a advogados portugueses e holandeses vem da Nemesis International DMCC, que no passado comprou diamantes à Sodiam (diamantífera angolana) a baixos preços — situação agora denunciada em tribunal em Luanda pelo Estado angolano.

De acordo com a investigação, Isabel dos Santos estará a usar outra empresa, a Grosvenor Law, para canalizar fundos da Nemesis em direção a dois escritórios de advogados portugueses, o do professor catedrático Germano Marques da Silva e do ex-vice-presidente do PSD Marco António Costa.

Fonte do Ministério Público disse ao Expresso que quando há suspeitas sobre a origem dos fundos que pagam os seus serviços, os advogados devem contactar as autoridades devido à atual lei de branqueamento de capitais.

Contactados pelo jornal, os dois escritórios negaram haver qualquer suspeita. “Informamos desconhecer, em absoluto, qualquer relação financeira entre as sociedades Nemesis International DMCC/ Naxos Precious Trading DMCC com qualquer sociedade de advogados nacional ou estrangeira”, respondeu por escrito Marco António Costa. Já o escritorio de Marques da Silva invocou o sigilo profissional, mas disse desconhecer qualquer ligação a uma empresa no Dubai.

Nos Países Baixos, onde há atualmente vários processos judiciais a decorrer entre o Estado angolano e empresas de Isabel dos Santos, duas dessas empresas terão recebido empréstimos da Nemesis para pagar aos advogados holandeses. O bastonário da Ordem dos Advogados de Amesterdão já abriu uma investigação ao caso.

Contactada pelo Expresso, Isabel dos Santos não quis comentar.