Abel Chivukuvuku, que esteve num encontro com jornalistas, juntamente com outros líderes que integram a Frente Patriótica Unida, criticou a “excessiva hipocrisia” com que o assunto das exéquias do ex-chefe de Estado tem sido gerido pelo Governo.
“Até um dia antes de morrer era um marimbondo abandonado. Depois dele morrer é um grande estadista”, ironizou.
Quanto à disputa sobre o corpo de José Eduardo dos Santos, que morreu na sexta-feira passada numa clínica em Barcelona, defendeu que “os direitos são da família, a responsabilidade é do Estado, por causa da dualidade dos seus papéis, como pai de família e como ex-chefe de Estado”.
Para o líder do projeto político PRA-JA Servir Angola, que concorre às eleições marcadas para 24 de agosto integrado nas listas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), “cabe à família o direito de decidir que tipo de cerimónia, as circunstâncias e em que momento e cabe ao Estado implementar a vontade da família”.
Abel Chivukuvuku lembrou que não é a primeira vez que estadistas rejeitam cerimónias de Estado e optam por cultos privados: “Isso é um direito da família, portanto, deve ser tratado dessa forma”, sustentou.
José Eduardo dos Santos morreu aos 79 anos, por doença, em Barcelona, Espanha, onde nos últimos cinco anos, período em que deixou a presidência do país e a liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), passou a maior parte do tempo, com problemas de saúde.
A traslação dos restos mortais de José Eduardos dos Santos para Angola está dependente dos resultados das decisões da justiça espanhola, depois de falharem as negociações entre o Estado angolano e familiares do ex-presidente, com destaque para a filha Welwitchia "Tchizé" dos Santos, que se opõe a um funeral em Luanda antes das eleições.