João Lourenço, há dois dias a trabalhar no sul do país, depois da província da Huíla, visitou hoje as obras de construção das barragens do Ndúe, no rio Caune, e Calucuve, no rio Cuvelai, na província do Cunene, uma das províncias mais afetadas por prolongados períodos de seca.
Em declarações à imprensa, o chefe de Estado angolano disse que o projeto é para levar avante, apesar do quadro económico e financeiro do país, admitindo a necessidade da mobilização de recursos para a conclusão do programa, que congrega também as províncias da Huíla e do Namibe.
“Nós não demos sinais de fraqueza e muito menos de recuo, este grande programa é para ser levado até ao fim, (…) ele compreende não apenas as províncias do Cunene e da Huíla como a província do Namibe”, referiu João Lourenço, sublinhando que “os projetos de maior dimensão e de maior custo são os que vão ser construídos na província do Namibe”.
Segundo o Presidente angolano, vão ser construídas seis grandes barragens, “que vão acumular, reter, as águas pluviais”, que “vêm do planalto, da Huíla em particular”, perdendo-se no mar.
“Nós vamos parar esse curso natural das águas e tirar proveito delas, portanto, vão passar a fazer o que este projeto do Calucuve e do Ndúe também vão fazer”, frisou João Lourenço.
Estas infraestruturas, prosseguiu o chefe de Estado angolano, vão servir as populações, o gado bovino, a avicultura, “quem sabe as pescas também”.
“O programa é ambicioso e nós não descuramos a necessidade de mobilizar recursos financeiros, para, faseadamente, irmos executando o programa na sua totalidade. Não há recuo, o que pode haver é alguma dificuldade em mobilizar recursos tão avultados quanto estamos a falar, de muito próximo de três mil milhões de dólares”, realçou.
“A execução de todo o programa, que teve início com o projeto Cafu, passa por estes dois o Ndúe e o Calucuve, a Cova do Leão, que vai acabar por servir também a província da Huíla, outros projetos até para a cidade do Lubango, está tudo no mesmo pacote, e estas seis grandes barragens que não tiveram ainda início, mas que podemos contar que, sem medo de errar, nos próximos quatro anos teremos o programa concluído”, acrescentou.
João Lourenço disse que visitou as obras do Cunene com o objetivo também de encorajar os empreiteiros, considerando que a sua presença “acelera um pouco mais o trabalho”.
“Quem sabe esta barragem vai acabar antes de dezembro do próximo ano”, referiu o Presidente angolano.
Questionado sobre com que impressão fica da província do Cunene, o chefe de Estado realçou que, tanto para aquela província do sul de Angola como para o próprio país, ainda há “muito por fazer”, para se garantir o desenvolvimento económico e social do país.
“Para garantirmos o bem-estar das nossas populações, o que aliás é compreensível se tivermos em conta que Angola foi vítima de um conflito armado que durou décadas – não deve haver mais país no mundo que tenha vivido uma situação tão amarga quanto a nossa, que foram 27 anos consecutivos de guerra”, disse.
João Lourenço sublinhou que o país está em paz há 21 anos, contudo, tempo ainda insuficiente para se reconstruir o que foi destruído e implantar-se novos projetos de raiz, fora do quadro da reconstrução.