Não estou a dizer que não existe na UNITA membros que recorrem aos insultos ou denegrir os adversários políticos; temos sempre que tomar em conta o zeitgeist (espírito da época) e as especificidades da sociedade que tolera um discurso político pugnaz. O líder tem sempre que dar sinais sobre o que se aspira. As intervenções de Adalberto Costa Júnior no Parlamento, os seus discursos, assim como os diálogos que ele tem tido com a sociedade tem sido altamente efetivos porque eles apontam aos problemas no presente e apresenta ao mesmo tempo as soluções. Nas redes sociais existe muita matéria em que se vê o estilo de Adalberto Costa que vai ganhando tração não só com os militantes da UNITA mas com os Angolanos em geral.
O estilo do ACJ vai encorajado na UNITA a prática de campanha positiva. Isto não é fácil porque requer muita disciplina; é mais fácil ir perante os microfones para denegrir ad nauseum os adversários do que pensar seriamente nos problemas do presente e pensar e apresentar as suas soluções.
Na campanha positiva o ênfase é no que alguém fará uma vez no poder. Em Malange, no ano passado, o ACJ teve um encontro com a sociedade civil onde houve questões muito específicas sobre o desemprego, baixo nível dos salários dos professores etc. Nas suas respostas, vê-se que o ACJ domina muito bem os meandros da economia Angolana; ele insiste, por exemplo, que deve haver ideias extraordinárias para se criar um clima próprio que poderá criar empregos para a juventude. Claro que não vai ser o ACJ que virá com as ideias; ele vai ajudar na criação de um ecossistema que permita a valorização de inovação. Em Angola não existe apenas a falta de emprego mas também uma incompatibilidade de habilidades gritante; nos seus discursos, o ACJ fala sempre da necessidade de capacitar os cidadãos para participar efetivamente na economia.
No seu famoso discurso em Benguela em Agosto do ano passado, o ACJ fala da importância das autarquias e o poder local; de como o governo local pode gerir fundos localmente tendo também ajuda do governo central. Aquele foi um discurso instrutivo de como a sociedade poderia ser gerida de uma forma diferente. O ACJ diz naquele discurso que deverá haver uma iniciativa de fazer com que aqueles angolanos com imensas fortunas lá fora regressem ao país para parte do seu dinheiro servir para a construção de infraestruturas e também para a criação de empregos. No discurso o ACJ se refere às indústrias de Benguela no passado; da produção de sisal, abacaxis, laranja, papéis etc que poderiam ser reanimadas através da criação de cooperativas e empréstimos bem pensados. O público adorou aquele discurso; não havia insultos de ninguém — o que houve é um delineamento sério do que poderaá ser feito no futuro.
O que o ACJ disse em Benguela é aplicável a todo o país; a área industrial do Huambo está cheia de fábricas que deixaram de funcionar há muito tempo; saber como estás funcionavam e pensar de formas como os seus processos poderiam ser replicados nos nossos tempos é um dos grandes desafios dos nossos tempos. O que o ACJ faz é incentivar os Angolanos a pensar seriamente nas possibilidades.
Claro que isto tudo passa por uma capacitação dos Angolanos. Num dos seus discursos no Uige, o ACJ fala da importância da formação profissional. Nisto, o ACJ parece ter tido em mente países como a Alemanha onde a formação profissional é dáda muita importância. Depois da Segunda Guerra Mundial, no Reino Unido havia programas de integração dos soldados que tinham vindo das frentes; ao mesmo tempo que alguns trabalhavam nas fábricas havia programas sérios para lhes dar mais conhecimentos técnicos e acadêmicos.
Sim, como o ACJ disse no seu discurso em Benguela houve no passado o grande café da Chicuma que chegou de ganhar vários prêmios internacionais. Talvez desta vez o mesmo café poderia ser produzido através de cooperativas de café, como é feito com muito sucesso na Uganda. No dia a seguir ao discurso do ACJ em Benguela, passei por várias localidades no meu regresso ao Huambo (Bocoio, Balombo, Lomduibale); lá estavam as frutas, vegetais etc as serem vendidas. O que faltava é a organização para aumentar a produtividade das comunidades.
Por Sousa Jamba