À chegada do caixão com o corpo do antigo Presidente da República, Marcy Lopes, que é também o porta-voz da Comissão das Exéquias Fúnebres, explicou aos jornalistas que os seus restos mortais serão entregues à família até ao dia da cerimónia oficial, uma data ainda a indicar pelo Estado angolano.
“Chegou a família e o presidente José Eduardo dos Santos a Angola, após um longo período de espera”, afirmou o ministro.
“Os próximos dias serão reservados para o tratamento de questões administrativas e protocolares inerentes a um processo como este que carece de ser tratado com toda a atenção até ao dia das exéquias fúnebres que iremos comunicar atempadamente”, explicou o governante, que foi receber a urna.
À saída do avião, a viúva, Ana Paula dos Santos, vestida de preto, foi recebida por um conjunto de individualidades, incluindo vários ministros do Governo angolano e o general Francisco Furtado, chefe da Casa Militar do atual Presidente angolano. Vinha acompanhada pelos seus três filhos, alguns dos quais transportando retratos emoldurados do pai.
No avião viajaram também netos e outros familiares de José Eduardo dos Santos.
O Governo angolano anunciou hoje de manhã que chegariam hoje à tarde à capital angolana "os restos mortais do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, falecido no passado dia 8 de julho em Barcelona, Reino de Espanha".
A nota, que foi emitida pela Comissão para a Organização da Cerimónia Fúnebre, refere ainda que "a data e o programa das exéquias serão oportunamente comunicados".
Hoje à tarde, o porta-voz do Movimento Popular de Libertação de Angola, Rui Falcão, admitiu que o funeral deve realizar-se em Luanda no dia 28 de agosto, coincidindo com a data do seu aniversário.
José Eduardo dos Santos, que governou Angola de 1979 a 2017, morreu, em 08 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos.
Duas fações da família dos Santos disputavam, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficaria com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos.
De um lado, Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opunham à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama e eram contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições de 24 de agosto para evitar aproveitamentos políticos.
Do outro, a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicavam também o corpo e queriam que este fosse enterrado em Angola nos próximos tempos.
Na quarta-feira, o tribunal decidiu-se pela atribuição do cadáver à antiga mulher e autorizou a trasladação para Angola, depois de concluir definitivamente que José Eduardo dos Santos morreu de causas naturais.
A trasladação do corpo do antigo chefe de Estado angolano ocorre em pleno período de campanha para as eleições, onde o atual Presidente, João Lourenço, que sucedeu a José Eduardo dos Santos em 2017, procura a reeleição.